Back to the future the game – Ep 1 - Review (PC/Mac)

A Telltale Games é uma desenvolvedora relativamente nova, mas já deixou sua marca entre as gigantes do mundo dos games. Fundada e composta por ex-funcionários da Lucas Arts, da época em que a divisão de games de George Lucas reinava com seus adventures point’n click (aponte e clique), a Telltale foi uma das principais responsáveis pelo “renascimento” desse estilo de game,
mais voltado para história (geralmente cômica), exploração e resolução de puzzles, que no final da década de 90 perdeu espaço entre a preferência dos gamers para os jogos de ação 3D, FPS e RTS, mais dinâmicos cada vez mais sofisticados graficamente. Utilizando as redes de distribuição digital como principal meio de comercialização de seus games e vendendo-os num modelo de episódios curtos mensais, a empresa conseguiu conquistar a atenção de antigos fãs e atraiu novos adeptos que sequer haviam conhecido o gênero. O modelo fez tanto sucesso que o estúdio já produziu várias séries episódicas, obtendo grande sucesso de público e crítica como as “temporadas” de Sam & Max, Strong Bad, Tales of Monkey Island e Wallace & Grommit que são distribuídas para PC, Mac, Xbox Live, PSN e até IPhone.

A mais nova empreitada da empresa se dá com dois projetos lançados em seqüência neste ano: jogos baseados nas famosas franquias cinematográficas “De volta para o futuro” e “Jurassic Park”. Seguindo o padrão da Telltale, cada franquia terá 5 episódios lançados mensalmente. Back 2 the future – The game já teve seu primeiro episódio lançado em janeiro e acaba de ter disponibilizado para download a segunda parte. A princípio apenas para PC e Mac, via loja online da Telltale ou através do Steam, popular plataforma de distribuição da Valve, mas como os games anteriores da empresa é só questão de tempo para ser lançado também nas redes online dos consoles e na App Store da Apple.

Como fã do gênero, dos filmes e da Telltale, não posso negar que o “hype” sobre este game era grande, já que todos os outros games a empresa agradaram bastante, sempre trazendo a mistura exata de gráficos simples, porém agradáveis, jogabilidade acessível, ótimas histórias e puzzles bem interessantes para quem curte “quebrar a cabeça” e além do mais, “De volta para o futuro” é uma das trilogias mais fantásticas do cinema hollywoodiano de todos os tempos. Com o marketing que foi criado em torno da participação de Christopher Loyd dublando seu personagem mais famoso, o excêntrico Doc Brown e uma história que dava continuidade a saga dos filmes, passando-se messes depois da volta de Marty Macfly para casa após o 3º filme, o jogo tinha tudo para ser bom. Pois bem, ao começar o primeiro episódio, com uma introdução que revive as primeiras cenas do filme original já dá pra perceber que a ansiedade não foi a toa e mais uma vez a Telltale dá show com um excelente adventure!

Enredo

Como tem feito em todas as adptações que chegam as suas mãos até aqui, a Telltale faz mais um trabalho competente, com uma história que não fica a dever a série original,cheia de humor e referências a cultura pop, característica dos fimes também, diga-se de passagem. O jogo começa com Marty tendo um pesadelo onde o Doutor Brow desaparece, daí enquanto ele tenta salvar os pertences do Doutor, já que o banco havia tomado sua cada e posto tudo dentro a venda, ele encontra o velho diário contendo os esquemas para criação do “capacitor de fluxo” e em seguida dá de cara com o DeLorean que aparece de repente com o cão Einstein e uma mensagem do doutor pedindo para salva-lo de uma morte pela máfia no ano de 1931. A partir daí segue-se uma confusão temporal atrás da outra, exatamente como nos filmes. Acrescente novos e carismáticos personagens como a repórter ultra-conservadora Edna Strickland e um jovem e inseguro Emmet Brown e temos uma história que prende o jogador até o final e deixa ansioso para jogar o próximo episódio.

Gráficos

Apesar de usar a mesma engine em todos os seus games, é possível notar um aperfeiçoamento em cada temporada nova que a empresa lança. Os modelos dos personagens continuam bonitos e mais detalhados que os da 3ª temporada de Sam & Max, com a vantagem do game ser ainda mais leve rodando tranquilamente até em “Laptops da Xuxa” como o meu PC. (ao contrário de Tales of the Monkey Island que fica lento) Os personagens apesar do “look” cartunesco, são bem fiéis ao aspecto dos atores dos filmes e a interface é bem simples, seguindo os visuais da franquia.

Audio

Como todo game da Telltale o destaque vai para as excelentes dublagens. Dá gosto de testar os vários diálogos só para ouvir o excelente trabalho com os atores. Além disso, os temas clássicos da franquia não poderiam faltar. Uma overdose nostágica para quem passou a infância assistindo os filmes na Sessão da Tarde.

Jogabilidade

Assim como nos gráficos, nota-se que a cada jogo a Telltale vem desenvolvendo interfaces mais amigáveis, principalmente para quem joga nos consoles. Os controles seguem o padrão de Tales of Monkey Island, podendo-se controlar o personagem com mouse, teclado e joystick. Para quem prefere uma jogabilidade mais “old School”, é possível usar só o mouse durante todo o jogo, porém é preciso clicar e manter pressionado o botão esquerdo apontando para a direção desejada pra que Marty se movimente, ao invés de só apontar e clicar como nos games antigos... Neste caso, usar o teclado ou joystick para movimentar o personagem é bem mais confortável. A interface é simples e intuitiva, com destaque para o sistema de dicas em vários níveis que facilita muito para quem não é acostumado com esse tipo de game, mas acaba tornando fácil demais para veteranos. Falando em facilidade, dá pra notar que a Telltale aliviou bastante o nível de dificuldade dos puzzles neste primeiro episódio, sendo bem lógicos. No geral, basta um pouquinho de atenção ao diálogo e contexto cena em que se está para saber o que fazer e não há nenhum puzzle com soluções malucas como em Sam & Max, Strong Bad ou Monkey Island. Quem terminou qualquer um desses chega ao final do game rapidinho sem muitos problemas, o que pode ser meio frustrante para quem gosta de passar dias “rachando a cuca”. Pessoalmente eu adorei e espero que continuemas admito que está bem fácil. Desnecessário dizer que ter uma noção da língua inglesa é indispensável para jogar esse tipo de game.

Replay

Bem, chegamos ao “calcanhar de Aquiles”: como a maioria dos adventures, ao terminar um episódio dificilmente você terá motivos para jogá-lo novamente já que não existe nenhum tipo de extra ou segredos desbloqueáveis. Uma pena pois seria legal ter alguma coisa que atraísse a atenção numa segunda jogada. A Telltale poderia seguir o que fez com Strong Bad, até agora único game feito pelo estúdio que conta com modos extras, segredos e mini-games desbloqueáveis em cada episódio. Até porque pelo menos este primeiro episódio de Back 2 the future – The game é incrivelmente curto. Não levei mais que 2 horas para terminá-lo, sem “empacar” em nenhuma parte específica, ao contrário do que aconteceu com outras séries da empresa. Bem talvez de tanto jogar eu já tenha virado um “supersayajin” dos adventures, mas comparando com o primeiro episódio de Tales of the Monkey Island, que mesmo se sabendo o que fazer leva-se pelo menos umas 4 horas pra terminar é bem curto mesmo.

Considerações finais

Bem, a Telltale Games mais uma vez mostra a que veio, trazendo para os fãs de adventures mais um game sensacional. Com climão do filme, não tem como não se empolgar com a nova aventura de Marty Macfly e o Doutor Brown. Obrigatório para quem curte adventures e/ou os filmes. Quem não curte deveria experimentar.

O melhor:

• Clima fiel a trilogia do cinema;
• Ótimo enredo, diálogos e dublagem;
• Novos personagens tão carismáticos quanto os originais;
• Sistema de dicas bastante inteligente.

O pior:

• Muito fácil se comparado a outros games do gênero;
• Muito curto, mesmo para um game episódico.

Nota: 9,0

Trailer:

Agora é só esperar pelos próximos episódios e ver o que a Telltale vai fazer com Jurassic Park, sendo que trata-se de umas história bem mais cheia de ação e violência (puzzles com velociraptors??) mas tenho certeza que vem coisa boa por ai...

A quem interessar possa, segue também um pacote de saves do jogo contendo um direto para o final.

Download do Save