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terça-feira, 9 de novembro de 2010

Achievement unlocked! - Faz diferença pra você?


Depois de mais de 100 horas de jogo, sendo pelo menos cinco delas destinadas a execução da tarefa repetitiva e entediante de pescar no game Torchlight apenas para conseguir um maldito achievement sem utilidade alguma senão o prazer duvidoso de ser o único do meu grupo de amigos a ter desperdiçado tempo (que certamente seria muito melhor aproveitado em coisas mais úteis, como vida social, por exemplo) para conseguir tal “façanha”, vejo a notícia da maluca sem-vida gamer que conseguiu ser a primeira no mundo a atingir a absurda marca de 200.000 pontos na rede Xbox Live através da obtenção de todos os achievements de todos os games que ela conseguiu comprar, sendo que para isso jogou exaustivamente centenas de games horríveis apenas para desbloquear as benditas conquistas, e volto a me perguntar se a presença deste recurso nos games atuais de Xbox 360, Playstation 3 e PC (majoritáriamente no Steam) é mesmo algo benéfico ou simplesmente uma ferramenta cruel que a indústria criou para alienar as mentes mais fracas, transformando o outrora prazeroso ato de jogar videogames em uma seção de consumismo e competição sem sentido.
  200.000 pontos no Gamescore e ainda diz cuidar da casa e filho. Dá pra acreditar?

Os Achievements (ou troféus no PS3) são desafios extras propostos em determinado game, que a princípio servem para aumentar a vida útil e fator replay do mesmo, já que geralmente vezes para cumpri-los é necessário ir muito além do que apenas terminar o jogo. Neste sentido, são muito legais já que servem para formalizar aquela velha tradição de superar o game de todas as formas possíveis, que existe desde os primórdios dos videogames como as batalhas por scores mais altos ou desafios do tipo “chegar até o final do game com uma vida” ou “matar o chefão sem sofrer danos”, coisas que eram muito comuns entre os games hardcore das gerações 8 e 16bits.
Naquela época, era bem mais difícil se conseguir jogos novos rapidamente, assim cada game deveria ser aproveitado ao máximo. Ao terminar o jogo de todas as formas possíveis, os jogadores criavam desafios absurdos como os que citei acima por eles mesmos, apenas por diversão (e era bem divertido). Aliás, “zerar” um game naquela época era muita coisa. Sem acesso a informações (nada de internet) sobre os jogos, exceto pelas poucas revistas especializadas que existiam, (muitas vezes bem desatualizadas em relação ao mercado americano e japonês), o indivíduo que chegava ao final de um jogo era considerado o “rei do pedaço”, lembro que mesmo na era 32 bits por um tempo gozei de extremo prestígio na locadora onde jogava Playstation por hora por ter terminado Tomb Raider 2 3 e 4 e os 3 primeiros Resident Evil (com a revistinha de “detonado” a tira-colo, claro) virando o “especialista” em todo jogo de ação em 3ª pessoa similar as aventuras  de Lara Croft e o Survivor Horror da Capcom.
Hoje graças ao advento das conexões de banda larga a internet e o avanço e redes virtuais de distribuição digital tanto nos consoles quanto no s PC’s, (nem me lembre da pirataria) a facilidade de acesso aos lançamentos (não raro simultaneamente) é tão grande que apenas terminar um jogo não significa nada, já que qualquer um faz isso. Foi então que em 2006, alguém na Microsoft teve a brilhante idéia de criar um sistema de pontuação baseado no desempenho nos games do console através da realização de conquistas, podendo compartilhá-las com qualquer pessoa, já que estariam associadas a seu perfil de jogador na comunidade online que eles estavam criando, a segunda versão da Xbox Live.  Ao invés de desafios aleatórios criados por jogadores sem o que fazer criativos, os próprios desenvolvedores bolariam tarefas a serem realizadas e recompensadas com o desbloqueio do achievement para o mundo ver as “proezas” dos jogadores. A idéia logo mostrou-se um sucesso e acabou virando padrão, tendo “inspirado” a Valve com a criação de achievements no Steam e mais tarde até a Sony com seu sistema de troféus na rede PSN.
A mania pegou, mas como nem todo mundo tem habilidade ou paciência para conseguir realizar desafios muito difíceis, os jogos passaram a apresentar feitos de vários níveis, desde tarefas simples como pular várias vezes ou completar cada nível do game até coisas repetitivas e sem sentido como o achievement de pescar 1000 vezes (veja abaixoOo) do Torchlight que citei no início do texto. Esse tipo de conquista não exige habilidade já que é baseado na repetição de atos simples, no entanto demanda uma quantidade imensa de tempo realizando ações totalmente chatas e que não acrescentam nada a experiência do game.Curiosamente muita gente se dispõe a perder (muito) tempo tentando atigir essas marcas mesmo com a diversão passando longe...
  Meu atestado de sem-vida social orgulho...ou não!

No entanto, apesar de muita gente não gostar e mais gente ainda dizer que não liga para eles, os achievements mostraram-se uma excelente ferramenta para os desenvolvedores de jogos contra a pirataria já que para se desbloquear é necessário estar conectado a rede, (coisa difícil de fazer nos consoles e impossível no PC com o Steam) e uma arma para vender jogos menos conhecidos, de desenvolvedores independentes (Indie), o que é ótimo, mas  infelizmente, como tudo tem um lado ruim, servem para vender jogos  horríveis, que são adquiridos apenas pelos feitos que podem ser desbloqueados para jogadores que querem  ter mais “prestígio” e “superar” os amigos a todo custo.
Assim, perde-se a utilidade inicial dos achievements de ser um recurso para aumentar o fator replay nos jogos e destacar a habilidade do jogador, já que um gamer com 30 jogos ruins e extremamente fáceis  certamente terá muito mais “proezas” que um ótimo jogador que só compre os jogos que realmente lhe importam. No entanto, como citei anteriormente, para a indústria o recurso Só tem pontos positivos e invariavelmente se tornara padrão.
Confesso que adoro ver a mensagem de “achievement Unlocked” nos meus jogos do Steam e não ligo de ser considerado um jovem tolo sem vida caçador de proezas do sistema tentando conseguir o máximo de feitos em cada jogo mesmo que muitas vezes isso não seja nada divertido.
Porém quando olho para o Torchlight, onde já tenho mais de 100 horas e ainda me faltam 6 feitos para desbloquear, sendo todos extremamente repetitivos e sem graça,(mas de alguma maneira ainda continuo “gostando” de jogar até alcança-los) , lembro que tenho deixado muitos outros jogos legais na “fila” e que a já deixei de comprar jogos excelentes em promoções simplesmente por não terem achievements,  sendo a primeira coisa que olho depois do título do jogo na loja online, (nem todos os jogos do Steam tem achievements) me pergunto se vale a pena ligar pra isso.
Bem, o fato é que os achievements vieram para ficar... Eles importam para você?

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